Fernando, organizando meus arquivos, encontrei uma reportagem do Diário de
Pernambuco do dia 16/01/1968, sobre o desaparecimento de Rui Frazão, que
acredito que você já teve conhecimento.
Esse arquivo é importante para ser divulgado para as novas gerações que não
tem conhecimento de quem era Rui Frazão, de sua luta, seus ideais, seu
caráter, seu carisma, sua eloquência quando falava, sua liderança, e fatos
da sua vida pessoal e como aconteceu sua morte pela ditadura.
Vivo estivesse estaria contribuindo em defesa das causas sociais e o Brasil
perdeu um grande homem.
Lembro-me ainda de um último diálogo que tive com ele, na antiga cantina que
situava-se em baixo do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia em 1966,
quando o mesmo cursava o último ano do curso de minas, juntamente com
Zémario(recentemente falecido), Carlos Eugênio, Raimundo (natalense), Alfeu
Valência(único pernambucano que foi Ministro de Minas e Energia), do
cearense Chico Pessoa e outros que não me lembro dos nomes. Rui não chegou a concluir o curso devido à perseguição dos órgãos de repressão, mas nessa oportunidade quando lamentei o período que estávamos passando, com a prisão de vários colegas, comentou que um país não se forma com apenas uma geração, e naquele momento ele previu que se passariam mais 50 anos para que tivéssemos um pais mais justo socialmente e uma democracia autêntica.
Desde essa época já se passaram 57 anos e continuamos na mesma situação, ou talvez pior, mas é isso, e temos que acreditar em seu sonho e os nossos
também e temos que continuar a luta para que isso se realize, não para a
nossa geração, mas para os nossos filhos
e netos.
Em sua homenagem, quando da conclusão do curso, da sua turma na solenidade no Teatro Santa Isabel, que não houve discurso do orador Cristovam Buarque que tinha sido proibido pelo governo, e, quando o mestre de cerimônia chamou o último nome da turma todos se levantaram e gritaram FALTA RUI FRAZÃO!
Como lembrança justa da sua passagem na terra o seu colega de turma Alceu
Valença se emocionou bastante, quando voltou a encontrá-lo novamente depois de muito tempo, em uma pequena rua na Barra de Tijuca, uma placa com o nome de RUI FRAZÃO.
Caso julgue válido, divulgue essa reportagem para os nossos colegas e
para que as novas gerações conheçam quem era Rui Frazão.
Abraços
João Prado