Entre 1985 e 1995 ficou sob minha gerência a área de TI (Tecnologia da Informação) do Grupo João Santos. Foram anos especialmente importantes, pois tive que mergulhar no assunto —para mim praticamente novo— e muito aprender sobre esse espaço do conhecimento cada dia mais essencial para todos nós. Nesse aprendizado uma das primeiras coisas que me chamou a atenção foi constatar o fato de que a história da Ciência da Informação se confunde, em última análise, com a própria história da raça humana.
Tendo tudo principiado com o uso dos dedos das mãos como “instrumentos“ para ajudar nos cálculos, os humanos, com o passar do tempo, criaram melhores utensílios computacionais, como o Quipo e o Ábaco, que foram utilizados por mais de cinco mil anos. O Ábaco ainda hoje tem uso corriqueiro em muitas regiões da China. Em 1642 surgiu a Pascaline, máquina de calcular idealizada por Blaise Pascal, filósofo, matemático e físico francês. Pascaline trabalhava com engrenagens mecânicas e era boa para somar e subtrair. Depois, em 1671, Gottfried Wilhelm von Leibniz, filósofo e matemático alemão, melhorou o aparelho de Pascal acrescentando as operações de multiplicação e divisão. Cento e cinquenta anos mais tarde, em 1823, o inglês Charles Babbage inventou a "máquina diferencial", que foi seguida, em 1834, pela “máquina analítica”. Essas duas criações de Babbage foram decisivas para o aparecimento dos computadores como os que hoje nos servimos.
Interessante também saber que os computadores de uso comercial derivaram de inventos do mecânico francês Joseph Marie Jacquard, que, em 1801, conseguiu automatizar totalmente os teares mecânicos, controlando-os através de fitas perfuradas. Nessa mesma direção, Herman Hollerith, estatístico e empresário norte-americano (1860 - 1929), desenvolveu —a partir das ideias de Jacquard— leitoras de cartões perfurados com a finalidade de servirem para agilização da entrada de dados nos computadores da época. Com isso, Hollerith, em 1880, —quando ainda era funcionário do United States Census Bureau— criou uma proto-computador para trabalhar no recenseamento da população norte-americana. O sucesso desse dispositivo permitiu que, em 1896, ele fundasse a Tabulating Machine Company que, apropriando-se dos avanços da eletrônica, deu origem à IBM - International Business Machines, que foi líder mundial em Informática por boa parte do século XX.
Em Pernambuco a Informática (enquanto sistemas e equipamentos de informação e comunicação) começou nos anos 60, com as instalações de filiais da IBM e da Burroughs Eletrônica do Brasil em nosso Estado.
A presença dessas empresas em Pernambuco foi muito mais do que corriqueiras operações comerciais. Elas foram responsáveis por dotar profissionais pernambucanos de informações modernas e globais na área de TI, aumentando a capacitação de técnicos e executivos estaduais através de intercâmbios com diversas entidades brasileiras e estrangeiras. Nesses intercâmbios os profissionais tiveram acesso a métodos atualizados de trabalho e a tecnologias de ponta. E, o mais importante: assumiram o empreendedorismo como atitude criativa, idealizando seus próprios negócios ou trabalhando como prestadores autônomos de serviço para bancos, grupos de varejo e empresas de outros ramos de negócios, que, em nosso Estado, começavam a tirar partido da Tecnologia da Informação.
Nesse viés, foram admiráveis três das primeiras iniciativas: a do Banco Nacional do Norte - Banorte, pertencente a empresários pernambucanos, que firmou parceria em 1964 com a IBM e adquiriu um computador IBM, modelo 1401, considerado a solução mais avançada na época para a modernização e a simplificação de serviços bancários; a da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, que, em 1967, comprou o seu primeiro computador IBM, do modelo 1130, para gerenciar informações acadêmicas. E, ainda, em 1967, a Burroughs Sistemas e Equipamentos de Informática Ltda, empresa centenária em máquinas de contabilidade, colocou um computador em Recife, em seu primeiro “Bureau de Serviços”, operando um modelo B500, com apenas 9600 caracteres de memória. (Fernando Gusmão)