Ouvi hoje a CBN noticiar que o desembargador federal, Doutor Poul Erik Dyrlund, na qualidade de Requerente, havia, dias atrás, encaminhado Pedido, à sua Repartição, solicitando ser indenizado por 60 dias de férias não gozadas.
Posteriormente, ele mesmo veio a julgar seu Requerimento, tendo deferido positivamente o próprio pedido.
A notícia falava, ainda, que “perguntado, disse que não via conflito de interesse nesse ato, porque ele próprio já havia, anteriormente, julgado pedidos similares”.
Esse fato me fez lembrar acontecimento parecido —mas muito diferente— ocorrido com o Dr. Newton Maia, Diretor da EEP no nosso tempo de Escola.
Naquela época, a estrutura da Universidade do Recife não comportava o cargo de Pró-Reitor. Por isso, nas ausências do Reitor, era convocado, para substituí-lo, o Diretor de uma das faculdades que compunha a UR.
O fato é que o Dr. Newton Maia, em 1962, na qualidade de Diretor da EEP, havia enviado requerimento à Reitoria solicitando uma verba para ser aplicada na complementação da implantação do Núcleo Eletromecânico da Escola. Ocorre, que, dias depois desse encaminhamento, o Reitor, Dr. João Alfredo, tendo que viajar a Brasília, convocou o Diretor da Escola de Engenharia para substituí-lo.
Nesse ínterim, o pedido do Dr. Newton Maia havia tramitado e chegado à Reitoria, para apreciação.
E o que aconteceu quando o Dr. Newton Maia recebeu seu próprio pedido, agora na qualidade de Reitor em Exercício?
Simplesmente o negou!
Como faz falta, nos dias de hoje, Homens como o Dr. Newton Maia.
A SECA EM ALAGOAS
Foram décadas de lutas em defesa do sertão alagoano, gastando o meu tempo e um pouco do saber que adquiri com muito estudo e dedicação. Embasado em pesquisas do Professor Carlos Girardi, do CTA-Centro Técnico Aeroespacial, que previa um longo período de seca no Nordeste, 1979 a 1985, carreguei nas costas, até há poucos anos, o projeto do Canal do Sertão, de autoria do IPT-SP, vendo ali a saída para a região semiárida alagoana. Raros davam-lhe valor, e muitos o combatiam de forma ferrenha com argumentos vis, sem apresentarem alternativas. Políticos não demonstravam interesse, assim como os demais sertanejos que viam no projeto o benefício latifundiário, enquanto eu trabalhava com o colega alagoano, Wellington Lou, autor do Projeto Executivo, mudando o traçado original para beneficiar o sertão quase todo e não somente a bacia leiteira.
Fiz apresentações sertão afora, para governos diversos, ministro, até conseguir convencer o também meu ex-aluno de engenharia, Governador Ronaldo Lessa, a continuar a implantação do Canal do Sertão, obra iniciada pelo Governador Geraldo Bulhões.
Foi uma luta muito longa e desgastante. Transformaram um projeto técnico em projeto político a ser concluído em vinte anos, e me afastei do Canal para não me indispor com secretários que ora diziam o sertão não precisar de água, ora queriam os recursos – alocados – para dinamizar o turismo litorâneo porque o sertão nada produzia.
Hoje, com cerca de cem quilômetros plenos de água, o Canal continua sem estrutura de gestão, mas os sertanejos da área ora beneficiada dizem que o sertão está um céu, esquecendo, como sempre, que faltam cerca de cento e cinquenta quilômetros para a água chegar em Arapiraca, o objetivo maior. Nesse trecho tudo feneceu, as águas secaram, o sertanejo ora migra para estados do Sudeste, o gado minguou gerando desemprego e a falência socioeconômica regional.
O Presidente Temer vem aí. Não mostrem a ele somente o trecho concluído do Canal. Mostrem, também, a miséria instalada fora de sua área de influência atual, e o açude Bálsamo – Palmeira dos Índios – com seus dezenove bilhões de litros de água potável, cheio desde 2007 sem serventia para Alagoas, mas beneficiando o vizinho estado de Pernambuco.
Prefeitos! Não se apequenem! Impõe-se decretar Estado de Calamidade Pública, por exaustão de água naquela região.
Parodiando o saudoso médico e amigo Ib Gatto: em Alagoas não é para se fazer nada; o seu chefe não sabe fazer; e a você, o técnico que sabe, o fazer não lhe é permitido.
NOS INTERVALOS DE AULAS, ALGUNS GRUPOS DE ALUNOS FICAVAM SENTADOS ENTRE UM PRÉDIO E OUTRO DA ESCOLA, JOGANDO CONVERSA FORA.
1-ERA COMUM FORMAR-SE UMA RODA ONDE O ZÉ BARRETO ( DO CURSO DE MECANICA),CRIAVA DIÁLOGOS IMAGINÁRIOS, IMITANDO O PROFESSOR NEYTON MAIA FALANDO COM SUA ESPOSA ELZA. NÃO SEI SE ESSE ERA O VERDADEIRO NOME DELA, MAS A GRAÇA É QUE ELE IMITAVA O DR. NEWTON MAIA, PERFEITAMENTE. UM DESSES DIÁLOGOS COMEÇAVA ASSIM: “ Ô ELZA QUE É DE MEU CALÇÃO?” O BARRETO TINHA UMA CAPACIDADE INCRÍVEL DE CRIAR ESTÓRIAS, IMITANDO PERFEITAMENTE AS OUTRAS PESSOAS. FAZIA GOZAÇÕES ENORMES IMITANDO OS BOLIVIANOS QUE ESTUDAVAM NA ESCOLA...
2-CERTA VEZ, ESTÁVAMOS PRÓXIMOS AO JEEP VELHO DO SERROTE, QUANDO ALGUÉM INVENTOU DE ENCHÊ-LO DE TÁBUAS QUE ESTAVAM NO PÁTIO. FOI O SINAL PARA QUE CADA UM DOS PRESENTES, PROCURASSE ALGO IMPRESTÁVEL PARA DEPOSITAR NO JEEP. FOI ENCONTRADO NELE UM SAPATO CONGA VELHO, QUE FOI LAMBUZADDO NUMA CAIXA DE ESGOTO E RECOLOCADO NO AUTO. TERMINADA A TAREFA, AGUARDAMOS A REAÇÃO DO SERROTE QUE ESTAVA ESTUDANDO NA BIBLIOTECA. DE REPENTE, APARECE O COLEGA E SE APROXIMA DO JEEP, SEM ESBOÇAR A MÍNIMA REAÇÃO. PARECIA QUE ESTAVA TUDO NA MAIOR NORMALIDADE. PEGOU O PAR DE CONGA, LEVOU A UMA TORNEIRA, E DEPOIS DE LAVAR , RECOLOCOU NO JEEP. EM SEGUIDA, TIROU PEÇA POR PEÇA DO LIXO QUE HAVIAM COLOCADO , NUMA CALMA , COMO SE ESTIVESSE TIRANDO AS MALAS DEPOIS DE UMA VIAGEM. NÃO MOVIA UM MÚSCULO DO ROSTO, NEM ESBOÇAVA QUALQUER REAÇÃO. TERMINADA A TAREFA, ENTROU NO CARRO E SE FOI SEM NEM OLHAR PARA O GRUPO, NEM XINGAR NINGUÉM. TODOS NÓS QUE ESPERÁVAMOS UM ESPÔRRO GRANDE E O ARREMESSO DE PEÇAS SOBRE O GRUPO, QUEBRAMOS A CARA. ELE SE MOSSTROU SUPERIOR A TUDO. GRANDE FIGURA HUMANA.... !
3-ALBANO, ENGENHEIRANDO, IRMÃO DE NOSSO COLEGA ROBERTO, TINHA UM JEEP AMARELO QUE CONTINHA EM AMBOS OS LADOS, EM LETRAS GRANDES, PRETAS, A PALAVRA ENGENHEIRO. CERTO DIA UM SEU COLEGA, TROUXE DE CASA UMA LATA DE TINTA E PINTOU COMPLETANDO : DE MERDA.
O ALBANO CHEGOU APRESSADO, LIGOU O VEICULO E SAIU PARA A RUA, ENQUANTO QUE ALGUNS COLEGAS SEUS QUE SABIAM DA PRESEPADA, FICARAM ESCONDIDOS NA MAIOR GOZAÇÃO IMAGINANDO A REAÇÃO DE TODOS OS QUE IRIAM LER AQUELAS FRASES. O JEEP AMARELO FICOU ALGUNS DIAS SEM APARECER NA ESCOLA E QUANDO ISSO OCORREU JÁ NADA HAVIA ESCRITO NOS SEUS LADOS. PELO QUE SOUBEMOS ELE NÃO CHIOU COM NINGUÉM.
4- A VOADA DE NELSON BOUDOUX - . NO ÚLTIMO ANO DE ELÉTRICA, HAVIA UMA CADEIRA, RÊDES DE TRANSMISSSÃO. (NÃO SEI SE O NOME ERA EXATAMENTE ESSE). JÁ NO FINAL DO ANO, TODOS ESTAVAM PREOCUPADOS COM AS NOTAS QUE PRECISAVAM TIRAR NO ÚLTIMO EXERCICIO ESCOLAR PARA PASSA POR MÉDIA. O MESTRE, GENTE BOA, DISTRIBUI A PROVA PARA TODOS E INFORMA QUE PODERIAM CONSULTAR O LIVRO TEXTO, UMA VEZ QUE PRECISARIAMOS USAR UMAS TABELAS DE BITOLAS DE CABOS VERSUS DISTÂNCIAS E MAIS ALGUNS DADOS. A PROVA ERA RESOLVER UM ÚNICO PROBLEMA. IMEDIATAMENTE, TODOS PERCEBEMOS QUE O PROBLEMA ERA EXATAMENTE O QUE ESTAVA RESOLVIDO NO LIVRO TEXTO A CONSULTAR.TODOS, MENOS UM: NELSON BOUDOUX! ELE, IMEDIATAMENTE LEVANTOU-SE E GRITOU COMO SE TIVESSE FEITO UMA GRANDE DESCOBERTA: PROFESSOR, O SR. SE ENGANOU E COLOCOU NA PROVA UM PROBLEMA QUE ESTÁ RESOLVIDO NO LIVRO ! O PROFESSOR, FEZ QUE NÃO OUVIU NADA E DIRIGIU-SE À JANELA OLHANDO PARA O EXTERIOR. FOI O BASTANTE PARA UMA CHUVA DEBOLAS DE PAPEL, RÉGUAS E BORRACHAS CHOVEREM NAS COSTAS DE NELSON, SEGUIDAS DAS FRASES: CALA A BOCA P.... SENTA NELSON! TODOS TIRARAM ENTRE 9,5 E 10 . NELSON TIROU 9.
Amigos da turma de Engenharia de 1966, em um belo domingo do ano de 1993 eu morava em Brasília e estava em casa quando recebi uma ligação do grande amigo Cristovam.
Ele perguntou se eu iria estar em casa, respondi que sim e ele disse: aguarde que vou lhe fazer uma surpresa. Imaginei que seria algum colega de turma que estava com ele e fiquei à espera.
Ao vê-lo em meu portão acompanhado fiquei encabulado ao não reconhecer o colega. Ao me aproximar o moço me cumprimentou com um forte sotaque lusitano e então minha memória deu sinal e eu perguntei se era, falando pausadamente cada nome, o Antonio de Morais Sarmento dos Santos Lucas e Costa Brotas.
A cada nome que eu pronunciava, Cristovam olhava com admiração e ao final perguntou ao Brotas: este é mesmo o seu nome? Ele concordou e eu então brinquei: Cristovam, você traz alguém em minha casa e não sabe o nome?
Rimos e fomos tomar um whisky. Cristovam então contou que um dia em Lisboa foi ao catálogo telefônico e procurou o nome do professor Brotas.
Com sorte falou com ele e nesta vinda ao Brasil ele procurou Cristovam que fez a gentileza de leva-lo a minha casa. Bons tempos...
Marcelo Ferraz
CURRICULO DO PROFESSOR BROTAS NA INTERNET